Câncer do Esôfago
Nos últimos anos vem aumentando consideravelmente a incidência de câncer do esôfago. O que até a alguns anos atrás era restrito a indivíduos tabagistas e etilistas tem se mostrado cada vez mais freqüente em indivíduos portadores da doença do refluxo gastroesofágico e do esôfago de Barrett.
Nesta doença ocorre proliferação desordenada da camada mais interna do órgão, a mucosa. Os cânceres de esôfago iniciam-se nas camadas mais internas em direção as mais externas. Existem 2 tipos principais de câncer de esôfago: o adenocarcinoma e o carcinoma espinocelular. O tipo mais comum é o adenocarcinoma, que geralmente acomete a porção mais inferior do esôfago.
Existem alguns fatores de risco que estão relacionados com o surgimento do câncer de esôfago. Alguns, como o cigarro e o álcool, podem ser controlados;
Dentre os principais fatores de risco estão:
- Idade: o risco aumenta com a idade e é raro em pessoas abaixo de 40 anos.
- Sexo: homens têm três vezes mais chance que mulheres.
- Raça: indivíduos da raça negra são mais acometidos (não se sabe a causa).
- Tabagismo: quanto maior a duração do hábito, maior o risco.
- Etilismo: consumo de bebidas alcoólicas em grande quantidade.
- Esôfago de Barrett: em pacientes com doença do refluxo gastroesofágico.
- Dieta: pobre em frutas e vegetais.
- Obesidade.
- Consumo de liquidos muito quentes e alimentos defumados.
- Doenças: megaesôfago chagásico.
No momento não há uma certeza na prevenção do câncer de esôfago, porém o risco pode ser diminuído, evitando-se o cigarro e o consumo excessivo de álcool. O consumo de vegetais, especialmente os crus, também oferece certo grau de proteção. Hábito de vida não sedentário e peso saudável também ajudam.
Na maioria das vezes esse tipo de câncer é descoberto pelos sintomas que causa. Habitualmente os sintomas aparecem apenas quando a doença está avançada, tornando a cura menos provável. Quando o câncer é descoberto precocemente, geralmente deve-se a exames feitos por outros motivos. Entre os principais sintomas, encontram-se:
- Dificuldades em engolir alimentos: é o sintoma mais freqüente e causa uma sensação de comida "parada" no peito ao deglutir. A queixa é progressiva e inicia-se com a dificuldade de ingerir alimentos sólidos, depois para pastosos e finalmente para líquidos (fase mais avançada da doença).
- Perda de peso: metade dos pacientes com câncer de esôfago apresenta essa queixa, principalmente devido à dificuldade progressiva de engolir alimentos.
- Sintomas menos freqüentes: rouquidão, soluços, pneumonias de repetição, que também estão associadas a outras doenças.
O exame de escolha para o diagnóstico é a endoscopia. Neste exame, uma pequena câmera (endoscópio) é passada pela boca acoplada a uma fibra óptica a fim de visualizar o esôfago. Uma pequena sedação é dada ao paciente com a finalidade de diminuir o incômodo do exame. Qualquer lesão suspeita é biopsiada (retirada de um fragmento) e enviada para estudo em microscopia para pesquisa de células cancerosas. A tomografia computadorizada (TC) deve ser realizada em todos os pacientes com diagnóstico de câncer de esôfago. Ela deve incluir o tórax e o abdomen. Pode evidenciar o tamanho total do tumor e se ele já originou metástases (se espalhou para órgãos vizinhos). Outros exames que podem ser realizados são o ultra-som endoscópico, a broncoscopia e agora a tomografia associada à cintilografia de emissão de pósitrons (exame muito recente para detecção de câncer).
A partir desses exames é realizado o estadiamento, que consiste na descoberta de quanto o câncer já se espalhou ou não, o que é muito importante porque o tratamento a ser proposto depende do estadiamento. O médico de confiança do paciente deverá solicitar os exames e propor a melhor alternativa de tratamento.
A cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia são comumente usadas em combinação para o tratamento do câncer de esôfago. A melhor escolha depende do estadiamento, do tipo de tumor, das condições gerais do paciente e será determinado por seu médico.
Atualmente se realiza a remoção dos tumores esofágicos por videolaparoscopia associada à técnica robótica. O uso do robô facilita a dissecção e a remoção adequada dos gânglios da região torácica. Como grande vantagem não há a necessidade de se fazer grandes incisões no tórax, apenas pequenos orifícios, acarretando uma recuperação muito mais precoce com menos dor, desconforto e segurança ao paciente.